quinta-feira, 21 de junho de 2012

Zéfiros


Agrupam-se sob esta designação geral as divindades dos Ventos 
que assumiram uma grande relevância na mitologia grega e na
 mitologia romana, sobretudo,como resultado do interesse 
que lhes foi dispensado pelos poetas e artistas clássicos.
 As tradições grega e romana distinguem diferentes 
entidades eólicas,mas a estas está igualmente associada 
uma lenda difusa e complexa. Os gregos distinguiam quatro 
divindades básicas do elemento ar, nascidas de Eos (a Aurora)
 e Astreu (o Céu estrelado): Bóreas, o vento Norte, Zéfiro, 
o vento Oeste, Euro, o vento Leste, e Noto, o vento Sul.
 De acordo com determinadas tradições, os ventos benéficos
 seriam, porém, oito: Solano, Austro, Euro (ouNoto), Áfrico,
 Zéfiro, Cero, Setentrião e Bóreas. Estes seriam filhos dos Titãs,
que por sua vez teriam nascido de Urano (o Céu) e
 Geia (a Terra). Seja qual fora versão, 
eram considerados maléficos os ventos cujo
 comportamento era nocivo ao homem, à agricultura
 e à navegação. Estes ventos estariam intimamente 
associados às Hárpias, filhas de Taumante e Electra,
 e à Quimera,que nasceu dos amores entre gigante 
Tifão e Equidna. Enquanto para os gregos, 
os ventos regulares eram quatro, corres podendo 
a cada um uma figura e lenda bem definidas,
 a mitologia romana apresentava outros, distinguindo
 Euro, Bóreas, Austro e Zéfiro como os principais,
 e Euronoto, Vulturno,Subsolano e Caecias como 
secundários. Os poetas descreviam-nos como 
gigantes turbulentos e somente algumas entidades,
 como Bóreas e Zéfiro,mantiveram na tradição 
romana um carácter simpático e afável nas suas 
representações artísticas. Bóreas, o vento Norte,
 morava na Trácia, país frio e úmido, onde possuía 
um palácio. Teria casado com Orítia, 
filha de Erecteu, reide Atenas, com quem
 teria quatro filhos. De acordo com a lenda, 
Bóreas teria raptado Orítia, pois o sogro não
 queria consentir o casamento. Este era o 
vento mais cultuado na Grécia. Os atenienses
 consideravam o rapto de Orítia um privilégio 
para a cidade, mas veneravam Bóreas também 
por motivos históricos:Atenas estaria prestes 
a render-se à invasão de Xerxes, comandante
 persa,quando Bóreas teria soprado forte, dispersando
 a frota inimiga. Para comemorar este fato e prestar 
culto a Bóreas, os atenienses realizavam as festas
 Bóreas mas. Bóreas era representado como um 
homem barbudo, alado, maduro,vestido com um
 manto curto. Zéfiro, irmão de Bóreas, moraria 
também na Trácia. Contrariamente ao irmão, 
que usara a violência para raptar a esposa,Zéfiro 
ter-se-ia tornado delicado e suave por amor. 
Antes de se apaixonar por Clóris (Flora), 
Zéfiro seria um vento tempestuoso, passando 
depois a soprar com suavidade para não 
danificar as flores. Transformou-se assim 
no vento dos namorados: levou Afrodite ao 
palácio de Eros, e despertou Afrodite (Vénus)
 logo após o seu nascimento, conduzindo-a 
delicadamente até Chipre. Enquanto vento 
do Ocidente, Zéfiro amenizava o clima grego,
 vivificando a natureza. Erao mais cantado
 pelos poetas gregos e romanos, que o descreviam
 com uma fisionomia serena e terna, sendo 
frequentemente representado com asas de 
borboleta e coroas de flores coloridas nas mãos.
 Euro seria o vento do Oriente,que chegava 
nos cavalos de sua mãe, a Aurora. Horácio 
descreveu-o como um vento furioso, mas outros
 autores atribuíam-lhe um carácter tranquilo. 
Era representando com duas asas e os cabelos
 desgrenhados, trazendo nas mãos muitas flores.
 Austro, o vento Sul, foi descrito por Ovídio 
como um velho de cabelos brancos, estatura
 elevada, ar sombrio e uma nuvem em redor da cabeça.
 Era também representado com um regador nas mãos,
 indicando que Austro era o vento que trazia a chuva.
 Os Ventos regulares e benéficos foram assiduamente
 cultuados na religião grega. Em Atenas, 
eram venerados juntosnum templo octogonal: 
cada ângulo do edifício ostentava a figura de um
 deles e sob o cimo piramidal existia um tritão
 esculpido em bronze, que, através de um ponteiro,
 indicava o vento que estava soprando no momento.
 Os ventos eram frequentemente representados 
nas artes clássicas e cantados pelos poetas da antiguidade.

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