terça-feira, 29 de maio de 2012

Matinta Perêra





A Matinta Perêra é uma velha vestida de preto, com os cabelos caídos no rosto . Tem hábitos noturnos, preferindo as noites sem luar.
Quando sente a presença de alguma pessoa ela dá um assobio estridente, dando a impressão de estar gritando o seu próprio nome: Matinta Perêra .
O seu aparecimento causa verdadeiro pavor às pessoas.
A Matinta Perêra pode aparecer de diversas formas, transformando-se quase sempre em coruja, apesar de aparecer também na forma de outros animais.
Para se descobrir quem é a Matinta Perêra , basta que a pessoa que ouvir o seu assobio convide-a para vir à sua casa pela manhã para tomar café. Na manhã seguinte a primeira pessoa que chegar pedindo café ou tabaco é a Matinta Perêra.
Acredita-se que a Matinta Perêra possui poderes sobrenaturais. Seus feitiços são capazes de causar sérios prejuízos às suas vítimas, principalmente com respeito à saúde, causando-lhes fortes dores físicas e até a morte.

O Jurutaí




Jurutaí é uma ave noturna, de canto agourento, "melancólico e estranho, lembrando uma gargalhada de dor". É uma ave cercada de "misterioso prestígio assombrador".

Suas penas são um poderoso "amuleto de preservação da castidade feminina" e sua pele serve de breve contra a luxúria, "curando" as donzelas das tentações do sexo. Bastava varrer o chão, a rede ou a cama onde a jovem deitasse, para que fosse afastado dali o que pudesse despertar desejos carnais.

A Lenda do Iurupari



No tempo das Amazonas, uma das "Icamiabas" se apaixounou perdidamente por um valente guerreiro. Era lei em sua taba que, depois de um grande encontro de amor, a mulher lhe oferecesse a pedra sagrada — o muiraquitã — e abandonasse para sempre o amante.
Os dois amantes foram obrigados a separar-se, mas sofreram tanto que Iurupari, deus do sonho, compadecido, resolveu abrandar tanta tristeza. A noite, unia-os em sonho, entretecendo redes das mais lindas penas, unindo-os e embalando-os espiritualmente.
Um dia, o guerreiro, cada vez mais apaixonado por aquela que só via em sonhos, aproximou-se da tribo das Amazonas. Enquanto que vagava à procura de sua amada, se deixou aprisionar por uma das Amazonas. Chegando à maloca, as outras guerreiras irritadas pela inesperada invasão do guerreiro, resolveram condená-lo ao sacrifício. Ao chegar a noite,depois que se fêz o silêncio na taba, a amante para salvar-lhe a vida, veio pedir-lhe que fugisse, mas ele se recusou, dizendo:
— Prefiro morrer a manchar minha honra de guerreiro que não teme a morte.
Então, ela vendo que as suas súplicas nao eram atendidas, invocou Iurupari e, cerrando os olhos, adormeceu ao lado do seu guerreiro.
No outro dia, ao alvorecer, encontraram os dois amantes mortos na rede. "Foi Iurupari! Foi Iurupari! ..." gritavam asIcamiabas, assustadas. E, batendo fortes palmas com as mãos e ressoando os maracás, num alarido infernal, procuraram afastar de seus olhos a visão flamejante de Iurupari, que fugiu com a luz da manhã.
Fonte: site de Rosa Clement

A Lenda Da Cobra Grande


“A serpente está dentro do Homem, é o intestino. Ela tenta, trai e pune.” Vitor Hugo
Um dos mitos do Amazonas, que aparece sob diferentes feições. Ora como uma cobra preta, ora como uma cobra grande, de olhos luminosos como dois faróis. Os caboclos anunciam sua presença nos rios, lagos, igarapés e igapós com a mesma insistência que os marinheiros e pescadores da Europa acreditam no monstro de Loch-Ness.
A imaginação amazônica, mais floreada e portentosa, criou para o nosso mito propriedades fantásticas: a boiúna pode metamorfosear-se em embarcação de vapor ou vela e ir da forma de ofídio à navio, para mais trair e desorientar as suas vítimas. Esta cobra, possui diferentes formas encantatórias, conformes dados colhidos entre a população ribeirinha. Acreditam até, que alguns igarapés foram formados pela sua passagem que abre grandes sulcos nas restingas, igapós e em terra firme.
Na Amazônia, ela toma diversos nomes: Boiúna, Cobra Grande, Cobra Norato, Mãe D Água, entre outros, mas independentemente de seu nome, ela é a Rainha dos rios Amazônicos e suas lendas podem ter surgido em virtude do medo que provoca a serpente d água, que devora o gado que mata a sede na beira dos rios.
A Cobra-Grande ou a Boiuna, sobe os rios, entra nos igarapés, devassa os lagos, onde cantam a sua área de brejos os nenúfares opalizados pela luz do luar, transformada em majestoso, todo iluminado e fascinante, que atrai o caboclo extasiado pela sua irradiosa aparição.
Diz a lenda, que Waldemar Henrique, em verso e música traduziu, que uma vez por ano a Boiúna saía de seus domínios para escolher uma noiva entre as cunhãs da Amazônia. E, diante daquele enorme vulto prateado de luar que atravessava vertiginosamente o grande rio, os pajés rezavam, as redes tremiam, os curumins escondiam-se chorando, enquanto um imenso delírio de horror rebentava na mata iluminada...
"Credo! Cruz!
Lá vem a Cobra Grande
Lá vem Boiuna de prata...
A danada vem à beira do rio
E o vento grita alto no meio da mata!
Credo! Cruz!
Cunhatã te esconde
Lá vem a Cobra Grande
á-á...
faz depressa uma oração
prá ela não te levar
á-á...
A floresta tremeu quando ela saiu,
Quem estava lá perto, de medo fugiu
e a Boiuna passou tão depressa,
Que somente um clarão foi que se viu...
A noiva cunhatã está dormindo medrosa,
Agarrada no punho da rede,
E o luar faz mortalha em cima dela,
Pela fresta quebrada da janela..
Eh! Cobra-Grande
Lá vai ela!..."
Em mitos e crenças antigas, era muito comum a afirmação de que as cobras buscavam as mulheres para engravidá-las e acreditava-se também, que a partir da primeira menstruação, as jovens índias virgens estavam particularmente sujeitas a atraírem "o amor de uma serpente", por este motivo, elas evitavam de irem ao mato ou a beira de um rio, quando menstruadas.
Lenda da Cobra Grande
A Cobra Grande ou Boiuna é vista à noite, iluminando os remansos dos rios com a fosforescência dos seus olhos constantes. Transforma-se, muitas vezes, em um veleiro, que apresenta uma luz da vermelha à bombordo e outra verde à boreste. que confunde os incautos e desce silenciosamente a torrente dos igarapés. Aí daquele que se aproximar desta forma enganosa, pois estará sujeito a ser arrebatado às profundezas do rio, para nunca mais retornar.
Raul Bopp, autor de "Cobra Norato", para quem a literatura do nosso país nunca teve mistérios, em seu poema modernista, fala-nos da Cobra Grande:
"Axi Cumpadre
Arrepare uma coisa;
Lá vem um navio
Vem-que-vindo depressa todo aluminado
Parece feito de prata...
Aquilo não é navio Cumpadre
Mas os mastros...e as luises...e o casco doirado?
Aquilo é a Cobra Grande: Conheço pelo cheiro.
Mas as velas de pano branco embojadas ao vento?
São mortalhas de defuntos que eu carreguei: Conheço pelo cheiro.
E aquela bujarrona bordada?
São camisas de noivas da Cobra-Grande: Conheço pelo cheiro.
Eh! Cumpadre
A visage vai se sumindo pras bandas de Macapá.
Neste silêncio de águas assustadas
Parece que ainda oiço um "aí aí" se quebrando no fundo.
Quem será desta vez a moça noiva que vai lá dentro soluçando
Encerrada naquele bojo de prata?"
Segundo Letícia Falcão, "nos rios Solimões e Negro, a Cobra Grande nasceu do cruzamento de uma mulher com uma assombração (visagem), ou de um ovo de mutum; no Acre, a entidade mítica transforma-se numa linda moça, que aparece nas festas de São João para seduzir os rapazes desavisados. Outra lenda diz que uma linda índia cunhãmporanga, princesa da tribo, ao apaixonar-se pelo Rio Branco (Roraima), foi transformada numa imensa cobra chamada Boiúna, pelo enciumado Muiraquitã." Mas também, segundo esta autora, há uma versão em que transforma a Cobra Grande como uma "benfeitora na navegação", cujos olhos iluminados como dois faróis, auxiliam os navegadores em noites escuras e em meio à tempestades.

A LENDA DA COBRA NORATO

Lenda da Cobra Grande
Em uma tribo indígena da Amazônia, uma índia fica grávida de uma Boiuna (do Tupi Mboi, cobra, e Una, prata). Seus filhos eram gêmeos e vieram ao mundo na forma de duas serpentes negras. A tapuia então batizou-os com os nomes de Honorato e Maria.
Os gêmeos, embora gerados no mesmo ventre, ao serem jogados no rio e mesmo desenvolvendo-se em condições semelhantes, acabam desenvolvendo modos diferentes de conduta. Honorato era Bom, mas sua irmã era muito perversa. Ela alagava embarcações, matava náufragos, atacava os pescadores e feria os peixes pequenos, tais maldosos feitos, levou Honorato à matá-la. Deste modo, o bem supera o mal e Honorato torna-se um herói.
Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um lindo rapaz, que deixava as águas e levava uma vida normal na terra. Para que se quebrasse este encanto de Honorato, era preciso que alguém de muita coragem derramasse leite de mulher na boca da enorme cobra, e fizesse um ferimento com aço virgem na sua cabeça até sair sangue. Ninguém tinha tamanha coragem para enfrentar este enorme monstro. Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará), conseguiu libertar Honorato desta maldição.
Honorato, cobra e rapaz, nada mais é do que a extensão de nós mesmos, em nossa condição de animais-transcendentais, pois por trás de cada monstro, sempre há um herói.
Nesta lenda que relata a metamorfose de Honorato, visualizamos a metáfora que retrata a vida cotidiana de um povo ribeirinho, que como homem-cobra, oscila vivendo em meio a uma terra úmida ou engolido pelas cheias e correntezas do rio. Terra e Água, estão na alma, nas lendas, nos mitos e na fé deste homem. Ser um pouco cobra e um pouco homem, são símbolos de uma mesma vida...
Certo mesmo, é que a Boiúna ou Cobra Grande, Mãe de todas as águas da bacia amazônica, soberana dos lagos e igarapés, das enseadas, dos furos e dos paranás, das vertentes e desaguadouros, nada e vigia de um extremo ao outro.
Quando se ouve um ronco longínquo, arrepia-se até o último fio de cabelo, pois seu uivo horripilante tem o poder de paralisar homens e animais. Boiúna entretanto, segue em sua peregrinação fatídica, matando e devorando os animais, alagando as pequenas embarcações e sorvendo vampiricamente a vida dos velhos.
Raymundo Moraes elucida que, nem sempre aparece como um desmedido ofídio:
"Nos quartos minguantes, quando a lua recorda um batel de prata, logo depois das doze badaladas, a boiúna reponta nos moldes bizarros de uma galera encantada, guinda alta, velas pandas, singrando e cruzando as baías. O pano desse navio macabro é feito de mil despojos fúnebres. A giba, a vela de proa, a vela grande, a bujarrona, o velacho, o traquete, a gávea, o joanete, a rebeca são camisas, véus, lençóis, mortalhas sambenitos remendados, costurados, cerzidos, sinistro sudário de milhões de covas; os mastros, as vergas, as caranguejas são tíbias, fêmures, costelas de esqueletos fugidos das campas; as borlas dos topes são caveiras amarelada de pecadores impenitentes; os estais, as enxárcias, as adriças, os brandais são cabelos de defuntos roubados por Satanás.
E sobre tudo isto uma linha azulada de fogo, santelmo ou fátuo, que recorda, ao palor mortiço de chamas funéreas, a árvore da embarcação levantada para a fuligem escura do céu. Veleira, deitada na bolina sobre uma das amuras, querena ao léu, ninguém a pega. Sempre das investidas arriscadas, a galera-fantasma colhe as asas de grande ave bravia, orça, muda de rumo e, voando com a rapidez da hárpia, deixa na esteira alva a espuma lampejante de enxofre luciferiano. É uma visão provinda com certeza do seio ígneo de Plutão. Quem a vê fica cego, quem a ouve fica surdo, quem a segue fica louco."

A LENDA DA COBRA GRANDE DE SÃO MIGUEL -RS

Esta é uma lenda sobre a Cobra Grande contada no Rio Grande do Sul, pois para os menos avisados, entre os mais diversos povos do mundo, podemos encontrar lendas e mitos que envolvem diversas espécies de ofídios. Eis mais uma entre elas:
Quando foi erguida em pedra a imponente catedral de São Miguel Arcanjo, o mais belo dos Sete Povos das MIssões, só se construiu uma das torres, o campanário onde balançava um sino fundido em São João Batista.
O sino regulava a vida da aldeia. Todos os compromissos eram marcados pelas badaladas, desde seis horas da manhã. Mas o sino tocava também, repicava festivo, em momentos especiais de alegria, dobrava a finados, se morria alguém e tocava a rebate, nas ocasiões de perigo. Nestas ocasiões, as mulheres de São Miguel tinham ordem de pegar as crianças e se reunirem todas dentro da igreja, que era um local de pedra, mas capacitado a qualquer resistência.
Aconteceu porém, que a Cobra Grande, veio morar na torre de São Miguel, escondendo-se nos desvãos, galerias e túneis que existiam. Quando o sino tocava a rebate e a igreja se enchia de mães e filhos, ela simplesmente engolia uma criança mais afastada do grupo, enlaçando a vítima com seus anéis e a comia calmamente nos escuros de sua morada. E, mesmo quando não havia rebate, ela mesma laçava o sino com a cola e tocava a vontade, até reunir as mulheres e as crianças à sua total disposição...
Mas tendo o "olho maior que a barriga", que de tanto comer crianças índias, engordou muito e um dia arrebentou, atirando gordura para tudo quando foi lado. E foi toda esta gordura que pintou de escura e tornou mal-cheirosa todas as paredes da galeria da torre de São Miguel...
Esta lenda foi contada pela primeira vez por Luiz Carlos Barbosa Lessa em seu livro "O Boi das Aspas de Ouro".
Todas as serpentes tanto de mar como de água doce, representam as correntes telúricas nefastas à vida, que são temíveis em suas cóleras, que provocam o furor dos oceanos e o desencadeamento da tempestade.
A serpente é feita a imagem das divindades dos oceanos, um ser arcaico e fundamentalmente inumano. Na cosmogênese grega, segundo a Teogonia de Hesíodo, ela é o próprio "Oceano", assim como também, representa o espírito de todas as águas. Muitos rios da Grécia e da Ásia Menos têm o nome de Ophis (serpente). Na mitologia grega, Aquelôo (o maior rio da Antiga Grécia), certa vez se metamorfoseou em serpente para enfrentar Hércules. E quem já não ouviu dizer que um rio se serpenteia?

BOIÚNA, A DEUSA LUNAR

As cobras e serpentes sempre foram associadas à lua. A serpente possui o poder da auto-renovação, por causa da sua habilidade de trocar a pele. A lua, também se renova a cada vinte oito dias, depois de sua morte aparente (lua escura). Esse caráter renovador tanto da lua quanto da serpente, deu origem às crenças de imortalidade tanto de uma quanto de outra.
Mas a serpente é associada ainda a lua por uma outra razão: viver em fendas e buracos escuros da terra. Viver em uma região subterrânea é estar em contato com o submundo e com restos mortais. Aqui está a razão pela qual galera-fantasma da Cobra Grande era construída com vestes e ossos de pessoas mortas.
A fase escura da lua também tem tudo a ver com o submundo e suas forças ctônicas e, nesse aspecto, muitas divindades podem aparecer na forma de cobras. Hécate, enquanto Deusa da Lua Escura, tinha cobras em seus cabelos e dizia-se que Isthar era coberta de escamas de cobra.
Boiúna ou Cobra Grande, como Deusa da Lua, desperta nossa consciência lunar. A consciência lunar envolve padrões arquetípicos que são nossa herança humana como seres sensitivos e está enraizada na sensação natural. Sua presença é atestada sempre que tivermos pesadelos e sonhos ruins, ou quando estamos muito ansiosos a respeito da própria via e à mercê de forças sinistras, escuras e irracionais. Seu movimento sempre é "para baixo", rumo ao subterrâneo, visando a ética da auto-aceitação.
É a consciência lunar que faz o elo mãe-bebê, unindo-os incondicionalmente, emocionalmente, primitivamente e absolutamente. É a lei da natureza que preserva a vida e defende nossos sentimentos mais íntimos de vinculação afetiva. Basicamente, a consciência lunar defende a lei e a norma da natureza e lembra a todos do vínculo afetivo de apego e de uma correta postura nesses relacionamentos. Ao sairmos da linha, fatalmente tropeçaremos em sonhos horríveis ou instalam-nos medos irracionais de fracassos e até pode aparecer um tique nervoso delator.
A função da consciência lunar é dizer "não" ao nosso ego, se esse se afastar dos vínculos com a terra ou de nossa linhagem antepassada.
É a consciência lunar que fala em nosso íntimo quando nossa conduta de torna transgressora, pois ela extrai o fator moral de instintos de teor material. A natureza conversa através do aspecto lunar da consciência.
A consciência lunar é o lado escuro da lua e as punições de uma consciência pesada.
As LENDAS da Cobra Grande ou Boiuna nos fazem lembrar a luta entre a vida e a morte, inseparáveis uma da outra...
O mito da serpente, simboliza a vida que corre como um rio, espalhando a exuberância e a abundância da Mãe-Terra, grávida de energia cósmica, pulsando incessantemente, alimentando-se da morte para gerar mais vida...
Fonte: Portal São Francisco.

Quem-te-dera

   

A Quem-te-dera é uma lenda originária do município de Irituia, estado do Pará.
É uma mulher magra, com poderes sobrenaturais que aparece aos homens do lugar e convida-os a passarem a noite em sua companhia. Se o pedido é negado, castiga o infrator, fazendo-o de montaria. Coloca-lhe um cabresto e cavalga-o por grandes distâncias, açoitando a vítima, sem piedade, por todo o percurso.

A lenda do Negro Ataíde


Não dá para imaginar castigo pior. Na parte litorânea do Estado do Pará, que vai do Município de Vigia ao Município de Viseu percorre por lá a lenda do Ataíde, figura mítica, assustadora e protetora dos manguezais amazônicos. Ele é descrito como um ser monstruoso, com mais de dois metros de altura, de forma assemelhada com os seres humanos, porém todo feito ou coberto de lama com os órgãos genitais bastante avantajados, chegando a encostar ao chão, tamanho o seu comprimento. Dizem que quando ele caminha o seu instrumento de perversidade vai se lambando e deixando marcas pelo percurso.
Segundo diz a crença, ele não faz mal para aqueles que sobrevivem dos manguezais, extraindo o caranguejo de forma sustentável, entretanto para aqueles que não respeitam o soatá ou a andada (período de acasalamento da espécie, quando é proibida a extração do crustáceo), a sua vingança é terrível e brutal. Os desafetos do Ataíde são simplesmente estuprados, impiedosamente é claro que até hoje ninguém se orgulha de ter encontrado o tal fenômeno, mas muitos dizem que por pouco escaparam, porém em muitos casos as vítimas do Ataíde são levadas até a morte e encontradas penduradas nas árvores de mangues ou siriubeiras.
De acordo com inúmeros relatos, apesar do Ataíde ser uma figura oriunda dos manguezais, ele também poderá atacar pescadores que tapam igarapés com redes ou que colocam espinhel nos manguezais, além de investir contra ranchos que servem de abrigo para catadores de caranguejo, quando estes vão de baixada (passam dois ou três dias sem retornar para suas casas) ou para pescadores que se aventuram no mar a semana toda e retornam para suas residências somente nos finais de semana.
Vale ressaltar que não existe um bom senso sobre a fisionomia do Ataíde, uns até chegam a afirmar que seu corpo é coberto de pelos, outros comentam que ele anda de companhia com outro ser do sexo feminino e em alguns casos uns até o chamam de Sarambuí. Contudo o Ataíde é muito citado nas rodas de causos da população interiorana dessa parte da costa atlântica do Pará.
Fonte: Portal Quatipuru

A lenda do Mapinguari


O mapinguari é um animal fabuloso, humanóide e todo cabeludo. Seus pelos o tornam invulnerável à bala, exceto na parte correspondente ao umbigo. Segundo a lenda, é um terrível inimigo do homem, de quem devora somente a cabeça.
Em uma história contada por Câmara Cascudo, um mapinguari, macacão enorme, peludo como um coatá (Ateles marginatus, macaco do Pará), com pés de burro virados para trás, trazia debaixo do braço um pobre homem, morto, gotejando sangue. O monstro, com unhas que pareciam de onça, começou a arrancar pedaços do desgraçado e metia-os na boca, grande como uma solapa, rasgada à altura do estômago.
A maioria dos que dizem ter visto o mapinguari o descrevem como uma criatura alta, que atingiria dois metros de altura quando se põe sobre as duas pernas. Ele também emitiria um cheiro muito forte e extremamente desagradável. Para uns, ele é coberto de pelos, porém usa uma armadura feita do casco da tartaruga, para outros, a sua pele é igual ao couro de jacaré. Há quem diga que seus pés tem o formato de uma mão de pilão.
O mapinguari emite um grito semelhante ao grito dado pelos caçadores. Se alguém responder, ele logo vai ao encontro do desavisado e o ataca e devora, começando pela cabeça. Poucos conseguem sobreviver a um encontro com esse animal e, quando isso acontece, geralmente ficam aleijados ou com marcas horríveis pelo corpo.
Dizem que o mapinguari só percorre a floresta durante o dia, porque prefere dormir e descansar durante a noite, mas também existe a versão de que ele só pode ser visto em feriados e dias santos. Em suas andanças esse bicho segue gritando, quebrando galhos e derrubando árvores, deixando atrás de si um rastro de destruição.
Segundo o pesquisador David Oren, uma explicação lendária para o Mapinguari é que seria um índio, um pajé que descobriu o segredo da imortalidade, mas o preço que ele pagou por isso foi se transformar num animal horrível e fedorento.
Segundo Domingos Parintintin, cacique de uma tribo amazônica, a única maneira de matar o mapinguari é dando uma pancada na cabeça do animal. Porém, ele afirma que o melhor a fazer é subir em uma árvore e se esconder, em vez de tentar matá-lo, já que a criatura tem o poder de fazer a vítima ficar tonta e "ver o dia virar noite".

Mapinguari e Preguiças gigantes Editar

Preguiça gigante em posição de combate, em reconstituição do escultor Jim Humble para o escritor Gaddy Bergmann
IctoonAdicionada por Ictoon
Mylodon, preguiça gigante sugerida por criptozoologistas como explicação para o mapinguari, em selo cambojano
IctoonAdicionada por Ictoon
retrato falado de um mapinguari
吃Adicionada por 
Réplica do Mapinguari no Bosque Rodrigues Alves (Belém, PA) - Foto de Rafael Nolêto
Rafael NolêtoAdicionada por Rafael Nolêto
O ornitólogo estadunidense David Oren, ex-diretor de pesquisa no Museu Emílio Goeldi, em Belém, acredita que a lenda do mapinguari é baseada no contato de humanos tiveram com os últimos representantes de preguiças-gigantes que habitavam o solo, que talvez ainda existissem na Amazônia. Procurou-os por mais de vinte anos, sem resultado.
Cerca de 100 pessoas disseram para Oren ter tido contato ou pelo menos ter ouvido o grito do Mapinguari, e 60 são testemunhas que dizem ter visto o animal. Algumas afirmam te-lo matado, mas não conseguiram chegar perto porque ficaram embriagadas, desnorteadas e intoxicadas com o fedor.
Um seringalista chegou a oferecer uma recompensa para quem matasse o bicho, e um seringueiro entrevistado por Oren afirma que o matou, mas não conseguiu chegar perto para tirar uma amostra de cabelos e unhas para levar para o dono do seringal. Ele tirou a camisa e a envolveu no pescoço, tapando o nariz, mesmo assim ficou embriagado. A sorte dele é que estava acompanhado de um amigo que havia corrido assim que o bicho apareceu. O amigo serviu de guia para abandonar o local depois.
Histórias análogas são contadas na Patagônia argentina. Na década de 1890, o explorador argentino Ramon Lista disse ter encontrado um grande animal desconhecido ao caçar na Patagônia. Tentou atirar, mas as balas aparentemente não fizeram efeito. O paleontólogo Florentino Ameghino, ou ouvir a história de Lista, ligou-a a relatos nativos dos indígenas da Patagônia, sobre um animal semelhante em cuja pele as flechas penetravam com dificuldade. Pedaços de pele de preguiças pré-históricas que foram preservados mostram ossículos dermais que podem tê-las protegido contra predadores e, possivelmente, também as protegeriam de flechas e balas. Ameghino chamou a suposta preguiça gigante moderna de Neomylodon listai em homenagem a Lista.

Sites de criptozoologia freqüentemente identificam o mapinguari com o Megatério, a maior das preguiças gigantes. Esse animal de quatro toneladas ou mais, 6 metros de comprimento e mais 3 metros de cauda era grande demais para ser relacionado à lenda, mas houve dezenas de outros gêneros e centenas de espécies de preguiças terrestres, incluindo muitas espécies de tamanho adequado e que sobreviveram até tempos suficientemente recentes (cerca de 8.000 a.C.) para terem sido vistas pelos ancestrais dos ameríndios e, talvez, sobreviverem em seu folclore. OMylodon, preguiça gigante da Patagônia, pesava cerca de 300 kg, tinha 3 metros de comprimento e seus subfósseis (incluindo pedaços de pele congelada) foram encontrados em cavernas associadas a ocupação humana. Pelo menos uma espécie, Megalocnus rodens, de até 90 kg, parece ter sobrevivido nas montanhas de Cuba até o século XVI, a julgar por subfósseis encontrados na região.
Fonte: Fantastipédia.