domingo, 22 de julho de 2012

O CONDE DE SAN GERMAIN


Joana Antonieta Poisson, Marquesa de Pompadour, favorita de Luís XV, rei de França, nasceu em Paris e morreu em Versalhes (1721-1764), tendo como primeiro marido o financista Lenormand d'Etiolles.Sob o ponto de vista dos mais renomados enciclopedistas, a Marquesa de Pompadour possuía os seguintes atributos: fria, ambiciosa, esperta, além da proverbial educação e gosto artístico.
Exerceu na pessoa do rei, e também no governo, uma expressiva influência, muitas vezes desastrosa, inclusive, contribuindo no envolvimento da França no que ficou conhecida como "Guerra dos Sete Anos", conseguindo a assinatura, em Versalhes, dos dois tratados de 1756 e 1759, que aliavam substancialmente a França à política da Casa de Áustria; foi na expressão de Frederico II, "o reino do Cotillon".
Convocou Choiseul ao poder. A maior benevolência à respeito da sua pessoa, sem dúvida alguma, foi no incentivo das artes e de artistas renomados da época, como por exemplo, Marimontel, , Voltaire, etc.
Foi nesse palco dos acontecimentos, por volta de 1748, que entra em cena, a fascinante figura de um estrangeiro de meia-idade, aparentando uma vigorosa saúde e disposição incomum; elegante, com hábitos refinados, dono de uma portentosa cultura, logo encantou todos do seu circulo, com ênfase na Corte, espalhando-se pelas cercanias, como não poderia ser diferente.
Essa exponencial personagem conhecida por Conde De Saint Germain, com um extraordinário poder magnético, dominava homens e mulheres, que ninguém se atrevia duvidar das suas credenciais; com esse prestigio e confiança nele depositadas, tanto por nobres, como das maiores figuras da Corte, afiançava ter nascido no ano de 252 a.C, e que tinha prolongado sua vida, graças aos seus poderes extra sensoriais, que serviram de base para a descoberta de um "elixir da longa vida", poção essa que tomava e o mantinha praticamente eterno.
Com esses atributos incomuns, constantemente se via envolvido em explanações mirabolantes; uma das suas favoritas era divulgar as suas "experiências pessoais" com personagens como Nero e Dante.Em
Evidentemente, como não poderia deixar de acontecer, invejosos, céticos, ou mesmo contestadores naturais, procuravam contra-argumentar, dizendo que Saint Germain nada mais era do que um conhecedor profundo sobre história, tanto antiga como medieval, valendo-se também dos seus amplos conhecimentos de línguas.
Aparentemente distanciado dessas controvérsias, Saint Germain, ao enaltecer o seu já famoso elixir, afirmava categoricamente que, por exemplo, para uma mulher de 45 anos, bastava apenas uma gota para sofrer uma abrupta transformação, voltando a ter a aparência de uma jovem de 16 anos.
Em contrapartida, para os admiradores do conde, ou simplesmente crentes dos seus poderes mirabolantes, as façanha iam muita além dessa poção mágica, possuindo segredos de como fazer, não apenas ouro, com também as pedras preciosas.
No elenco desses segredos, juntavam-se outros como: nunca alguém presenciou o conde comer ou beber algo, não havia testemunhos que pudessem dizer que conheciam a sua residência, inclusive enquanto viveu na corte, nunca dorme.
No campo artístico, se destacava como escultor, tocava magistralmente piano e violino, e cantava divinamente com uma voz de barítono.
Dono de uma memória portentosa, podia repetir páginas inteiras de livros, apenas dando uma rápida olhada; falava corretamente, sem sotaques, aproximadamente 14 idiomas: inglês, italiano, alemão, espanhol, português, grego, francês, latin, chinês, árabe, caldeu, hebreu, sírio e sânscrito; além de alguns dialetos, e também o cuneiforme babilônio e os hieróglifos egípcios.
Era ambidestro e podia escrever correntemente com ambas as mãos.
Testemunhos dos mais variados, principalmente dos seus mais chegados, afirmavam categoricamente que Saint Germain sempre tinha, em sua bolsa, dinheiro em abundância, além de portar portentosos e custosas gemas preciosas; freqüentava praticamente todas as festas e solenidades de maior importância, sempre com roupas extremamente luxuosas.
Com tanta ostentação, nunca se soube que o conde tivesse rendas de trabalhos pessoais, investimentos, detentor de alguma herança, ou mesmo ganhos como jogador profissional, ou exageradamente, como algum espião.
A própria Marquesa de Pompadour, procurou com a sua vivacidade e esperteza, surpreender Saint Germain sem absolutamente nenhum sucesso ou alguma pista, por mais ínfima que fosse; sendo que num encontro informal, pediu-lhe que descrevesse Francisco II, que havia vivido muitos séculos antes, ao que Saint Germain respondeu:
- Era boa pessoa, porém muito impulsivo. Dei-lhe bons conselhos, mas não quis dar-me ouvidos".
Todavia, Pompadour acreditava piamente que Saint Germain tinha mais de um século de vida, porque uma dama muito idosa, Madame de Cergy, cujo esposo fora embaixador da França em Veneza, afirmou que se recordava do conde que, cinqüenta anos antes, encontrara na corte veneziana. Afirmou que tinha a mesma aparência que em Paris, meio século depois.
Saint Germain, em fins do século XVIII, tornou-se o companheiro favorito de Carlos de Hesse. Então sua carreira voltou a rodear-se de véus misteriosos.
Apesar de em 1780 ter sido anunciada a sua morte, no Schleswig-Holstein, Grosely, um membro da Real Sociedade Britânica, afirmou ter visto o "conde" numa prisão francesa, durante o reinado do Terror.
Em 1860, Lord Lytton conversou com um personagem "que parecia ser o próprio Saint Germain!". Disseram, então, que era o misterioso Fraser, quem no ano de 1855, na corte de Luís Napoleão, fazia o mesmo que Saint Germain no reinado de Luís XV.
Este "Comandante Fraser" era personagem enigmático e que costumava afirmar ter convivido com Nero, tendo igualmente privado, com laços de amizade, com Dante, o autor da Divina Comédia.
Outras testemunhas, por sua vez, acreditaram que "um russo misterioso que, em principios deste século, penetrou no reino proibido do Tibet e se tornou conselheiro do Dalai Lama, não era outro senão o conde Saint Germain!"
Estando na Alemanha, o "conde" conheceu e iniciou nesses mistérios outro personagem, destinado a ser o seu sucessor nos régios salões e nas cortes da Europa: o conde Alexandre de Cagliostro!