terça-feira, 29 de maio de 2012

Mãe-do-ouro


Senhora das minas, a Mãe-do-Ouro é um mito multiforme: no Paraná, é uma mulher sem cabeça; “no Rio Grande do Sul é informe, agindo com trovões, fogo, vento, dando o rumo da mudança (…) a Mãe-do-Ouro passeia luminosa, pelos ares, mas vive debaixo d’água, num palácio” (Câmara Cascudo, em “Mitos Brasileiros”); formosa mulher, de pele branca como a neve e com uma linda cabeleira cor de fogo, segundo Ruth Guimarães, em “Lendas e Fábulas do Brasil”; “fada formosíssima, filha do sol e irmã da aurora” (Luiz Caldas Tibirçá, “Folclore – Contos e Lendas Brasileiras”); em São Paulo é descrita como uma grande bola de fogo de ouro que atravessa o céu; onde ela cair, há ouro (Alceu Maynard Araújo, em “Folclore Nacional”).
Mito ígneo, informe, pertence ao número dos fenômenos metereológicos, confundindo com a estrela cadente (…)esconjurada e tida, num só tempo, como capaz de satisfazer votos formulados durante sua trajetória cintilante”(Câmara Cascudo, op. Cit.).
De acordo com o consagrado autor, esse mito também infiltrou-se no ciclo das Mães-d’Água, assimilando-lhe o poder sensual: “os homens deixam a família e amigos, arrastados pela Mãe-do-Ouro”(talqualmente as perigosas sedutoras Iara e Alamoa).
Há muitas lendas sobre a Mãe-do-Ouro, uma das mais conhecidas fala de sua intervenção para ajudar um escravo a encontrar ouro para entregar ao seu senhor, homem mau e ganancioso, a fim de assim evitar duro castigo. A Mãe-do-Ouro, no entanto, lhe impôs a condição de não revelar a ninguém o lugar onde encontrou ouro. O Fazendeiro torturava-o no tronco para lhe arrancar o segredo, até que a Mãe-do-Ouro permitiu ao escravo que o revelasse. O fazendeiro, fascinado diante de tanta riqueza, começou ele próprio a cavar aquela vastidão de ouro. Tanto cavou que morreu soterrado.

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