quinta-feira, 21 de junho de 2012

São Paulo



Primeiro grande missionário e teólogo cristão, chamado o Apóstolo dos Gentios (Tarso, Cilícia, c. 10 d.C. - Roma, 6. 67). Sua importância no seio da cristandade é somente menor que a de seu fundador. De origem e formação judaicas, enfatizou a distinção entre 'judaísmo e o Evangelho de Cristo, proclamando a este como o gula da verdadeira religião universal.

Sua atitude revolucionária modificou a orientação seguida pelos primitivos apóstolos e apontou a cruz como o caminho da salvação, o que levou os cristãos a uma situação-limite, expressada pela única escolha possível: Cristo ou o farisaísmo. Grande estadista, conseguiu transformar a Igreja numa organização tão poderosa quanto o império romano.

É impossível apontar com segurança as circunstancias que lhe cercaram a infância e juventude, mas, a dar-se crédito à sua correspondência, pode-se imaginário homem de sólida educação liberal e estudioso afeito aos problemas (ia cultura grega. A análise das cartas permite ainda que se forme uma idéia a respeito de sua vida, bem como sobre as influências judaicas que recebeu.

Em Tarso aprendeu o grego, o latim e o hebraico. Mais tarde, em Jerusalém, estudou na escola de Gamaliel, onde tomou contato com a dialética, processo de que muito viria a se utilizar em suas especulações teológico-filosóficas. Essa formação intelectual torna compreensível sua concepção universalista do cristianismo.

Terminada a educação rabínica, teria voltado a Tarso e logo a Jerusalém. Durante esse tempo torna-se fariseu exaltado, perseguindo os cristãos. Tal procedimento cederia lugar a uma radical transformação, fruto da visão da estrada de Damasco. Convertido, retira-se para o deserto, aí se entregando, durante dois anos de solitária contemplação, aos êxtases da revelação cristã.

De volta a Damasco, perseguições judaicas obrigaram-no a fugir para Jerusalém, onde se encontra com o apóstolo Pedro. Convidado depois por Barnabé a tomar parte nos trabalhos ministeriais da lgreja de Antioquia, visita Jerusalém pela segunda vez, ocasião em que, inspirado pelo Espírito Santo, traça os rumos de um novo apostolado de vanguarda, iniciando suas célebres jornadas apologéticas.

A primeira das três expedições paulinas dirige-se a Chipre. Em pouco tempo, Paulo, que partira de Jerusalém em 47 d.C., consegue converter o procônsul romano Sérgio Paulo. O acontecimento, de extraordinária importância, garante o êxito da missão, que se estenderia ainda às regiões de Panfília, Pisídia e Licaônia, onde numerosas igrejas foram fundadas.

Entre a primeira e a segunda jornada realiza-se o Concílio Apostólico de Jerusalém (48 ou 49 d. C.), a que Paulo e Barnabé comparecem como representantes da lgreja.

A segunda jornada missionária (50 d.C.) partiu em direção à Ásia Menor e, seguindo o rumo NE, atingiu Troáda, onde uma visão misteriosa fez com que Paulo se dirigisse à Europa. Atravessou a Macedônia, visitou Atenas, estabelecendo-se finalmente em Corinto. Aí, além de organizar a comunidade cristã, exerceu grande atividade apologética e política. As epístolas paulinas dessa época são, talvez, as primeiras do Novo Testamento. Três anos depois, retorna à Palestina, chegando a Antioquia em 53 ou 54 d. C.

Logo em seguida inicia-se a terceira 'ornada missionária, que, refazendo rapidamente o itinerário da anterior, dirige-se a Éfeso, onde, por mais de três anos, desenvolve o apóstolo intensa atividade doutrinária. Não longe dessa cidade, porém, seus inimigos conspiram contra as igrejas gregas por ele fundadas. Em Corinto e na Galácia acusam-no de ser apenas um apóstolo secundário, estranho, portanto, aos 12 primitivos companheiros de Jesus, e concluem que seu Evangelho não passa de uma falsa interpretação dos princípios judaico-cristãos.

Em duas famosas epístolas, aos Gálatas e aos Coríntios, responde às acusações, refutando ponto por ponto as críticas de seus adversários. Pouco antes de abandonar definitivamente a Grécia, escreve sua mais importante epístola, aos Romanos, em que revê inúmeros fundamentos teológicos do Cristianismo. Ao regressar a Jerusalém (57 ou 58 d.C.), vê-se acusado por fanáticos de profanar os templos.

Encarcerado em Cesaréia, é depois transferido para Roma, onde consegue ser absolvido. Em 61 d.C. realiza algumas missões, que o levam mais uma vez ao Oriente e, provavelmente, à Espanha. De volta a Roma, os judaizantes da comunidade o perseguem, acabando por prendê-lo. Após longo processo, foi decapitado, por ordem de Nero.

A doutrina de são Paulo está contida em, suas 14 epístolas canônicas. Nelas, em estilo rico e enérgico, matizado de poderosas imagens, vivifica os dogmas fundamentais da teologia cristã. Sua posição, decididamente cristocêntrica, leva-o à visão redentora do Cristo-Deus glorioso. O universalismo religioso de Paulo, acima das diferenciações raciais, sociais, econômicas e geográficas, é a síntese suprema do Cristo místico, cuja. a unidade enlaça o próprio COSMO.

Saulo ('desejado') era o nome primitivo de Paulo (do lat. paulus, 'pequeno'), que assim passou a chamar-se provavelmente em homenagem ao pro-cônsul convertido Sérgio Paulo. O apóstolo era cidadão romano, com educação tradicional rabínica. É festejado a 29 de junho.

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