quinta-feira, 7 de junho de 2012

Isso aconteceu comigo V


A década de oitenta teve um quê de sobrenatural na minha vida. Naquela época, coisas estranhas aconteciam comigo constantemente.

Na casa em que minha família morou durante mais de vinte anos,( na WE-45, Cidade Nova IV, n. 442) todo dia havia algo "especial". Ao contrário do que muitos podem pensar, eu até sinto falta de tais acontecimentos. Eles me faziam sentir especial. Hoje minha vida ficou tão "normal". 
Em certos momentos, as pessoas ao meu redor viam o que eu podia fazer. Me recordo que um garoto que jogava bola comigo, disse certa vez: "- Ele cai em câmera lenta!". A mais pura das verdades, eu caia mesmo em câmera lenta, e era capaz de saltar enormes distâncias; cair sem me machucar; desviar de pedras arremessadas pelos outros garotos. Enfim, toda sorte de ações que a mente pode produzir interna e externamente para proteger um garoto gordinho que sofria bullying ( acho que já mencionei isso em outro post).

Se tudo que aconteceu comigo foi verdade ou não, não faz a mínima diferença. O importante é que eu vivi isso e outras pessoas viveram comigo.
Recordo uma ocasião em que esperando minha mãe voltar do trabalho, me pendurei no portão da frente, e ao vê-la chegando, me lancei de costas rumo ao vazio. Por uma fração de segundos achei que iria me arrebentar, mas milagrosamente aterrissei suavemente de costas no chão. Detalhe, ele estava encharcado, pois havia chovido e apesar disso, eu não me molhei. Sequer sujei as roupas. Assustado, levantei pensando no que realmente teria acontecido, mas preferi esquecer.
Minha mãe chegou, e eu fui abrir o portão. Ela entrou, e depois de longo abraço, me deu um beijo na testa r entrou em casa enquanto eu terminava de trancar o portão. após terminar, olhei na direção da parede da frente, e para meu espanto, eu conseguia ver tudo lá dentro, como se não houvesse parede. Saí em desabalada  carreira em direção à parede "invisível", mas ao chegar a milímetros de distância, esta se tornou visível e sólida. Ganhei um galo pavoroso na testa. Acredito que depois de ter contado minha versão dos fatos para minha mãe, ela deve ter passado a se preocupar um pouco mais com minha saúde mental (risos).


Muita coisa estranha aconteceu naquela casa comigo. Ela já não nos pertence mais.
Minha mãe e o que sobrou de minha primeira família moram no interior do estado ( uma pequena vila chamada Açaiteua, no município de Viseu). Eu fiquei para trás, mas nunca esquecerei o que aconteceu comigo!


Igor Furtado.

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