quinta-feira, 20 de junho de 2013

Olhos flamejantes.

Olá, bravos amigos do Visagento! Depois de trinta eras sem postar nada, estou de volta com carga máxima. Então lá vai!

Essa é mais uma das inumeráveis coisas estranhas que já aconteceram comigo desde que eu era só um garotinho medroso...

lá pelos idos de 1985, mais ou menos, quando minha família ainda morava na famigerada casa da WE-45 do Cidade Nova 4, eu vivia atormentado por visões de coisas que até hoje não compreendo. Numa noite silenciosa de outubro, quando todos estavam dormindo, fui acordado por sons estranhos. Nessa época, o que hoje se conhece como cidade nova 8, era tão somente uma mata fechada, com bichos diversos e igarapés.

 Julguei que os sons que eu ouvia fossem provenientes de lá. Voltei ao sono. Minutos depois, outros sons, desta vez mais altos e horríveis que os primeiros. Altos de tal forma que achei que minha mãe e meus avós se tivessem acordado, mas para espanto ainda maior, eles pareciam impassíveis ante os sons horrendos. Seria possível que apenas eu os ouvisse? Estaria por acaso sonhando? Não, não era sonho. Mais uma vez eu atravessara a tênue cortina que separa dois mundos: o nosso e o "deles". Quando pensei que não podia  ficar pior, tive a impressão de que algo abrira a porta do quarto e agora andava de cá para lá entre a minha cama e a de minha mãe. Pensei em gritar, mas quando fui abrir a boca, a coisa se voltou para mim e pude ver claramente seus olhos em chamas como o fogo do próprio inferno.
 Engoli o grito e o choro que já se faziam presentes em minha garganta. Sentia agora um desconforto, um arrepio  incômodo na base da espinha e um calafrio que me sacudia o corpo. A coisa ali parada diante de meus olhos atônitos e eu sem sequer poder gritar por socorro. A dúvida e o medo me tomavam: Se eu gritasse, será que minha mãe poderia mesmo me ajudar? A coisa partiria para atacar a mim ou a ela primeiro? Preferi ficar em  silêncio e suportar quieto aquele terror maldito. Minha cabeça doía,  minha boca estava seca e involuntariamente eu sentia o lençol sendo arrancado de cima de mim. Fechei meus olhos e comecei a fazer uma oração que minha avó me ensinara... O barulho, os bichos, o terror. Tudo parecia estar ficando distante. Acordei no dia seguinte com o corpo todo doído, as roupas  de cama encharcadas e uma pergunta: Teria sido apenas um pesadelo? não demorei muito pra saber a resposta, pois a janela do meu quarto tinha marcas de garras.



Igor Furtado.

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