Olá, nobres aventureiros do desconhecido! fazia um bom tempo que eu não postava nada realmente original (apenas ctrl+ c/ ctrl+ v). Hoje voltarei no tempo e vocês irão comigo. Iremos para uma pequena vila no interior do município de Viseu, aqui mesmo no Pará. lá pelos idos de 1982 ou quase isso. O que importa saber é que nessa época, já perto de minha família e eu mudarmos para Ananindeua, naquela vila ainda não eram conhecidos os benefícios e facilidades da luz elétrica. Tudo era na base dos candeeiros, lamparinas, lanternas e demais utensílios luminosos.
Lá pelas tantas da madrugada, depois de uma gloriosa noite de causos, lendas e anedotas ao redor do lampião (costume quase religioso para o modesto povo daquele lugar), ouvimos uns sons estranhos vindo da rua que passava bem em frente de nossa casa. Cantorias, rezas, ladainhas ou fosse o que fosse, já tão altas nos incomodavam o sono simples de "pessoas do campo" ( me orgulho disso). Resolvemos levantar de nossas redes, meu avô (que Deus o tenha), minha avó( que Deus a tenha) e eu, que ainda molhava as fraldas, para descobrir de que santo era aquela procissão. olhando pelas frestas das janelas,
vimos muitas velas nas mãos de muitas gentes que não pareciam ser gentes
.
Criaturas transparentes iam a segurá-las, todos de capuz e vestes alaranjadas, aos poucos sumiam como fumaça, ao passarem pela nossa janela. Nem preciso dizer que me joguei no colo de meu avô e comecei a chorar de medo. minha avó rezou um "Pai nosso" e três "Ave Maria". Disse ela que era pelo descanso das almas.
Dormimos todos juntos aquela noite.
Muitos anos no futuro, descubro um livro chamado "Visagens e assombrações de Belém" do nobre companheiro visagístico Walcyr Monteiro, que fala sobre uma tal procissão das almas. Terá sido isso que eu vi? Talvez eu nunca saiba, mas o que realmente importa é que isso aconteceu comigo!
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